sexta-feira, 30 de julho de 2021

Zezza Vic: da MPB ao Glam Rock!

 Com grandes influências da música dos anos 70, a paulistana de 23 anos, Zezza Vic, é nossa artista independente entrevistada da semana e nos conta um pouco sobre como começou sua vida artística, suas referências e sobre seu trabalho autoral que está em fase de produção, o single "Unilateral".

                              Foto: cedida pela artista

Você sempre gostou de música? Tem artistas na família? Como começou essa paixão?

Na minha família temos alguns músicos que seguiram caminhos bem diferentes uns dos outros, mas que com certeza acabou me inspirando a também me tornar cantora. Mas eu diria que a paixão começou quando eu era pequena, minha mãe e meu pai sempre ouviam artistas extraordinários dos quais eu sou imensamente fã hoje e eu queria muito ser como essas pessoas desde a minha infância.

É o (a) compositor (a) das suas músicas? E quem produz?

Sim, eu componho todas as minhas músicas, mas a produção acontece juntamente ao meus amigos Eduardo Massari e Henrique Berê, músicos incríveis por sinal.

Qual o gênero/estilo da sua música?

Eu me enxergo como sendo uma mistura entre MPB e Glam Rock.

Em qual ou quais artistas se inspira?

Muita coisa me inspira, eu procuro tirar referências da maior quantidade de lugares diferentes possíveis. Mas acho que tem algumas pessoas que norteiam essa minha inspiração. Ney Matogrosso, Liniker, David Bowie e Filipe Catto talvez sejam os maiores exemplos.

Tem algum artista que você sonha em fazer um feat. ? Qual?

Acho que atualmente seriam As Bahias e com a Jup do Bairro, acho elas todas forças da natureza, seria uma honra imensa. 

Sobre a situação de pandemia que estamos vivendo, em qual momento da carreira você estava quando a Covid veio à tona e como isso te afetou?

Eu estava começando a gravar meu trabalho autoral, que se não fosse a pandemia já teria sido lançado ao mundo em 2020. Mas acabou que todo esse tempo foi muito importante pra que eu me entendesse enquanto artista e enquanto pessoa, apesar de ter sido o pior período psicológico da minha vida, eu pude me reencontrar comigo mesma e isso foi essencial.

Como você definiria o seu processo criativo? Você utiliza algum método para compor?

Normalmente minhas músicas surgem como se alguém literalmente soprasse nos meus ouvidos parte da melodia, e geralmente essas coisas acontecem nos piores momentos (risos) fila de mercado, consulta médica, durante alguma atividade espiritual. Então as vezes essas ideias se perdem e podem ou não voltar depois (minha memória não ajuda nem um pouco) e quando voltam eu gravo um áudio cantarolando em algum grupo de whatsapp abandonado pra depois desenvolver o restante com o violão e a letra já.

Acreditamos que todo artista possui uma persona, ou seja, um personagem para interpretar sua obra. Você considera que possui essa persona? Está em processo de construção?

Acredito que eu tenha algumas e elas se revezam de acordo com o tipo de som que eu esteja interpretando ou compondo. Mas acho que na maior partes das vezes minha persona principal seja uma versão potencializada de mim mesma. Eu me considero uma pessoa muita introvertida emocionalmente no meu dia a dia. Essas onças eu deixo pra soltar no palco (risos).

Você está no processo de produção de seu primeiro trabalho autoral. Conta um pouco pra gente sobre a música e o processo de composição dela?

Essa música é do final de 2019, ela foi minha primeira música como artista solo, depois que eu decidi seguir sozinha sem uma banda. Ela se chama “Unilateral”, e fala basicamente sobre aquelas relações onde nos dedicamos com todo nosso afinco e não há um retorno da parte de lá. Acredito que muitas pessoas vão se identificar, quem nunca viveu algo unilateral né? (risos).

Sobre a composição em si, como eu disse antes, normalmente as músicas surgem como um sopro divino no meu ouvido, e essa não foi diferente, ela me veio inteirinha na cabeça e eu cantarolei no gravador do celular e depois desenvolvi a letra sobre algumas relações que eu tive desde minha adolescência até o começo da minha “adultice”. Mas nada específico, sempre me perguntam, mas realmente não foi destinada pra ninguém (risos), foi mais um emaranhado de acontecimentos e eu acabei colocando tudo nessa música.

Mas acredito que ela também fale muito sobre expectativas e como muitas vezes nós depositamos quantidades enormes em algumas pessoas e no momento em que isso não se concretiza vem a frustração e a mágoa.

Na sua opinião, qual a maior dificuldade em ser um artista independente? Por que?

Eu acho que a maior das dificuldades é que a arte e cultura não são vistas enquanto profissão ou serviços básicos tais como são saneamento básico, saúde pra todos, educação. O Brasil tem uma cultura riquíssima e maravilhosa, mas falta muito apoio as artes independentes, falta educação artística nas escolas, falta oportunidade pra que o apoio a arte saia desse local elitista em que foi colocado por este governo principalmente.

O processo de se auto divulgar também é muito complicado, vivemos uma cultura onde se valoriza a fama e não a arte em si, então até que você consiga atingir um certo nível de visibilidade é como se você não existisse. Acho que todo artista independente vai se identificar com essa fala, é um fato. E nessa luta independente nós vamos nos ajudando como pudermos.

Sobre ser um artista não-binário. Você acha que isso também influência nas dificuldades? Sabemos que o preconceito ainda está muito presente na nossa sociedade.

Quanto ao preconceito, com certeza, pessoas trans e não binárias lutam para serem reconhecidas enquanto seres, imagina enquanto seres que sonham em viver de sua arte, é ainda mais difícil, ainda mais onde se há um monopólio heteronormativo em relação as oportunidades artísticas. Isso vem mudando, aos pouquinhos vamos ocupando estes espaços, mas ainda é uma questão muito presente e na maioria das vezes determinante, infelizmente. Mas também acredito que a partir do momento em que você vive a totalidade de sua identidade no mundo, nossa arte fica cada vez mais potente e não podemos ter medo de ocupar e conquistar nossos lugares por direito.

                                        Foto: cedida pela artista

Sigam a Zezza nas redes sociais pra acompanhar o trabalho incrível dela!! Em breve ela divulgará a data de lançamento de seu single!

Instagram/ Youtube/ Twitter/ TikTok

Veja também:

Live da Zezza no canal do Picles


Nenhum comentário:

Postar um comentário