Com grandes influências da música dos anos 70, a paulistana de 23 anos, Zezza Vic, é nossa artista independente entrevistada da semana e nos conta um pouco sobre como começou sua vida artística, suas referências e sobre seu trabalho autoral que está em fase de produção, o single "Unilateral".
Foto: cedida pela artistaVocê
sempre gostou de música? Tem artistas na família? Como começou essa paixão?
Na minha família temos alguns músicos que seguiram caminhos bem diferentes uns dos outros, mas que com certeza acabou me inspirando a também me tornar cantora. Mas eu diria que a paixão começou quando eu era pequena, minha mãe e meu pai sempre ouviam artistas extraordinários dos quais eu sou imensamente fã hoje e eu queria muito ser como essas pessoas desde a minha infância.
É o (a) compositor (a) das suas músicas? E quem produz?
Sim, eu componho todas as minhas músicas, mas a produção acontece juntamente ao meus amigos Eduardo Massari e Henrique Berê, músicos incríveis por sinal.
Qual
o gênero/estilo da sua música?
Eu me enxergo como sendo uma mistura
entre MPB e Glam Rock.
Em
qual ou quais artistas se inspira?
Muita coisa me inspira, eu procuro tirar referências da maior quantidade de lugares diferentes possíveis. Mas acho que tem algumas pessoas que norteiam essa minha inspiração. Ney Matogrosso, Liniker, David Bowie e Filipe Catto talvez sejam os maiores exemplos.
Tem
algum artista que você sonha em fazer um feat. ? Qual?
Acho que atualmente seriam As Bahias e com a Jup do Bairro, acho elas todas forças da natureza, seria uma honra imensa.
Sobre
a situação de pandemia que estamos vivendo, em qual momento da carreira você
estava quando a Covid veio à tona e como isso te afetou?
Eu estava começando a gravar meu
trabalho autoral, que se não fosse a pandemia já teria sido lançado ao mundo em
2020. Mas acabou que todo esse tempo foi muito importante pra que eu me
entendesse enquanto artista e enquanto pessoa, apesar de ter sido o pior
período psicológico da minha vida, eu pude me reencontrar comigo mesma e isso
foi essencial.
Como
você definiria o seu processo criativo? Você utiliza algum método para compor?
Normalmente minhas músicas surgem
como se alguém literalmente soprasse nos meus ouvidos parte da melodia, e
geralmente essas coisas acontecem nos piores momentos (risos) fila de mercado,
consulta médica, durante alguma atividade espiritual. Então as vezes essas ideias
se perdem e podem ou não voltar depois (minha memória não ajuda nem um pouco) e
quando voltam eu gravo um áudio cantarolando em algum grupo de whatsapp abandonado pra depois
desenvolver o restante com o violão e a letra já.
Acreditamos
que todo artista possui uma persona, ou seja, um personagem para interpretar
sua obra. Você considera que possui essa persona? Está em processo de
construção?
Acredito que eu tenha algumas e elas se revezam de acordo com o tipo de som que eu esteja interpretando ou compondo. Mas acho que na maior partes das vezes minha persona principal seja uma versão potencializada de mim mesma. Eu me considero uma pessoa muita introvertida emocionalmente no meu dia a dia. Essas onças eu deixo pra soltar no palco (risos).
Você
está no processo de produção de seu primeiro trabalho autoral. Conta um pouco
pra gente sobre a música e o processo de composição dela?
Essa música é do final de 2019, ela
foi minha primeira música como artista solo, depois que eu decidi seguir
sozinha sem uma banda. Ela se chama “Unilateral”, e fala basicamente sobre
aquelas relações onde nos dedicamos com todo nosso afinco e não há um retorno
da parte de lá. Acredito que muitas pessoas vão se identificar, quem nunca
viveu algo unilateral né? (risos).
Sobre a composição em si, como eu
disse antes, normalmente as músicas surgem como um sopro divino no meu ouvido,
e essa não foi diferente, ela me veio inteirinha na cabeça e eu cantarolei no
gravador do celular e depois desenvolvi a letra sobre algumas relações que eu
tive desde minha adolescência até o começo da minha “adultice”. Mas nada
específico, sempre me perguntam, mas realmente não foi destinada pra ninguém (risos),
foi mais um emaranhado de acontecimentos e eu acabei colocando tudo nessa
música.
Mas acredito que ela também fale
muito sobre expectativas e como muitas vezes nós depositamos quantidades
enormes em algumas pessoas e no momento em que isso não se concretiza vem a
frustração e a mágoa.
Na
sua opinião, qual a maior dificuldade em ser um artista independente? Por que?
Eu acho que a maior das dificuldades
é que a arte e cultura não são vistas enquanto profissão ou serviços básicos
tais como são saneamento básico, saúde pra todos, educação. O Brasil tem uma
cultura riquíssima e maravilhosa, mas falta muito apoio as artes independentes,
falta educação artística nas escolas, falta oportunidade pra que o apoio a arte
saia desse local elitista em que foi colocado por este governo principalmente.
O processo de se auto divulgar também
é muito complicado, vivemos uma cultura onde se valoriza a fama e não a arte em
si, então até que você consiga atingir um certo nível de visibilidade é como se
você não existisse. Acho que todo artista independente vai se identificar com
essa fala, é um fato. E nessa luta independente nós vamos nos ajudando como
pudermos.
Sobre
ser um artista não-binário. Você acha que isso também influência nas
dificuldades? Sabemos que o preconceito ainda está muito presente na nossa
sociedade.
Quanto ao preconceito, com certeza,
pessoas trans e não binárias lutam para serem reconhecidas enquanto seres,
imagina enquanto seres que sonham em viver de sua arte, é ainda mais difícil,
ainda mais onde se há um monopólio heteronormativo em relação as oportunidades
artísticas. Isso vem mudando, aos pouquinhos vamos ocupando estes espaços, mas
ainda é uma questão muito presente e na maioria das vezes determinante,
infelizmente. Mas também acredito que a partir do momento em que você vive a
totalidade de sua identidade no mundo, nossa arte fica cada vez mais potente e
não podemos ter medo de ocupar e conquistar nossos lugares por direito.
Sigam a Zezza nas redes sociais pra acompanhar o trabalho incrível dela!! Em breve ela divulgará a data de lançamento de seu single!
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Veja também:
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