sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Explorando o soul na música brasileira: Letícia D'Alma

 Nossa entrevistada de hoje é Letícia D’Alma! Com 27 anos, a paulista de Guarulhos nos conta como iniciou sua carreira, que já tem 8 anos, experiências com shows, suas principais influências e muito mais! Confira a seguir:

                         Foto Lucas Alves @acslu

Você sempre gostou de música? Tem artistas na família? Como começou essa paixão?

Sempre gostei de cantar, desde que me entendo por gente. Não tem artistas na família, mas meu maior incentivador é um primo meu, que tocava baixo numa banda de rock e me ouvia cantar escondido quando eu tinha uns 3 anos. Mas quando eu o via, parava de cantar pois eu era muito tímida. Ele foi o primeiro a perceber e me incentivar a cantar. E foi ele também que me levou pra fazer minha primeira apresentação ao vivo, num evento de música autoral aqui de Guarulhos, chamado Noites Autorais. Eu tinha 19 anos, já tinha algumas composições, mas não tinha tocado pra outras pessoas além da família até então. Isso foi em 2013. Já fiz vários shows solo e com banda por aqui nos principais teatros de Guarulhos ao longo desses 8 anos. Toquei com a Big Band daqui, toquei fora também, em Atibaia, no centro de SP, enfim, tenho bastante afinidade com os palcos. Tem registros de alguns desses shows (todos autorais), no meu canal no YouTube. 

Além do instrumento voz, toca algum outro?

Toco violão desde os 16 anos. Aprendi sozinha vendo vídeos no YouTube, então ainda sou meio leiga em muita coisa, mas consigo desenrolar (risos).

É o (a) compositor (a) das suas músicas? E quem produz?

Sou compositora de todas as minhas canções. Tenho muitas composições, mas só consegui produzir e lançar duas por enquanto. A primeira lancei em 2018, se chama “Beijo no Canavial”, produzida no estúdio @sigosomA segunda lancei esse ano, em maio, se chama “Meu Bem” e foi produzida pela produtora independente @casawimbi

Qual o gênero/estilo da sua música?

Minhas músicas tem uma pegada R&B, Soul Music, Black Music e algumas tem uma pegada mais brasileira. Como eu componho desde a adolescência, cada música tem um pedaço de mim e do que eu consumia na época, então tem música que tem uma pegada mais rock também, enfim, no geral é isso (risos).

Em qual ou quais artistas se inspira?

Minhas inspirações atuais são com certeza Janelle Monáe, Erykah Badu, Solange, meus amigos artistas, como o Victor Cali, Caíque Rudá, aliás já indico eles pra você (risos). Na infância e adolescência, inclusive quando comecei a compor eu ouvia bastante rock clássico e artistas dos anos 90, como Alanis Morissette, The Cranberries (amo essas duas) Bjork, Janis Joplin e outros. Na MPB cresci ouvindo Djavan, Milton Nascimento, Marina Lima (amo essa mulher, AFF). Levo um pouco de cada um em mim.

Tem algum artista que você sonha em fazer um feat.? Qual?

Nossa, eu faria um feat com o Rincón Sapiência (risos) amo esse preto, AFF... E digo que ele tem me influenciado bastante atualmente também.

Sobre a situação de pandemia que estamos vivendo, em qual momento da carreira você estava quando a Covid veio à tona e como isso te afetou? 

Quando a pandemia começou eu estava começando a tocar bastante por aí, fazendo shows, participando de projetos. Eu tinha acabado de fechar com a Indy Naíse, pra ser a backing vocal oficial dela. Em março, quando começou o lockdown eu tinha 6 shows marcados, com banda e cachê. Pra uma artista independente estava ótimo. Aí tive que parar tudo o que mal tinha começado. As coisas começaram a melhorar agora esse ano, que tô conseguindo investir na produção das minhas músicas.

Na sua opinião, qual a maior dificuldade em ser um artista independente? Por que? 

A maior dificuldade em ser artista independente é a desvalorização da arte. Falta de incentivo dos órgãos públicos, principalmente aqui em Guarulhos. Não dá pra viver só de música, então ter que conciliar o trabalho formal com a arte torna tudo mais difícil. No meu caso ainda, quando eu me apresentei ao vivo pela primeira vez em 2013, eu já estava grávida do meu filho, que hoje tem 7 anos. Aí juntando a maternidade, com trabalho formal e a falta de incentivo, tudo se tornou mais difícil. Agora que meu filho está menos dependente de mim e eu sou autônoma, consigo conciliar melhor tudo e tenho mais tempo pra me dedicar a música. Sou trancista há 3 anos tenho meu salão. Meu Instagram de trancista é @dalmanago

Como você definiria o seu processo criativo? Você utiliza algum método de composição?

Meu processo criativo é meio complexo. Eu não tinha o costume de sentar pra compor. A inspiração batia, aí eu pegava o celular e tentava gravar o que vinha na mente, quando eu não conseguia sentar pra escrever. E, como eu não tenho muito conhecimento de teoria musical, eu tinha minhas limitações pra compor com o violão. Eu tocava acordes aleatórios, ou via alguma sequência de acordes de alguma cifra que eu gostava, tocava do meu jeito e depois escrevia em cima, de acordo com o sentimento que a melodia me passava, mas eu sempre sentia essa obrigação de ter a melodia primeiro, pra depois encaixar a letra. Atualmente eu tô mais desprendida disso. Eu crio a música toda, canto acapella mesmo e gravo. O que eu consigo passar pro violão eu passo depois, senão eu mostro pra algum amigo músico e deixo por conta deles (risos). Agora eu estou me obrigando a sentar pra compor. Não espero a inspiração vir. Sinto a necessidade de escrever, porque preciso produzir. Agora que as pessoas estão me vendo mais, conhecendo mais o meu trabalho e vindo até mim, propõem parcerias e tal, eu preciso escrever mais.

Acreditamos que todo artista possui uma persona, ou seja, um personagem para interpretar sua obra. Você considera que possui essa persona? Está em processo de construção?

Sobre a minha persona, apesar de estar nessa vida artística há 8 anos, agora que eu estou conseguindo me enxergar e definir quem é a Letícia D'Alma. Ainda estou em construção, mas estou mais sólida do que antes. A vida tem me dado bastante maturidade e autonomia também. Ainda tem muito da Letícia de Souza Rodrigues na minha persona, mas eu sinto que a Letícia D'Alma está desabrochando, as duas estão, na verdade. Estão se descobrindo juntas.

                            Foto Camila Rhodes, @mammaflor

Não poderíamos deixar de mencionar o lançamento mais recente da Letícia, em parceria com Victor Cali, "Notas Mentais", uma poesia incrível que vale muito a pena ouvir! Disponível nas plataformas digitais!

Acompanhe o trabalho lindo dessa artista nas mídias!

Youtube/ Instagram/ Facebook/ Spotify


Créditos

Fotos: primeira foto @acslu, segunda foto @mammaflor

Maquiagem: das duas fotos, @keylacarolyne


Nenhum comentário:

Postar um comentário